The Sadgirl
Ragabash
André
quarta-feira, 11 de abril de 2007
1:46 AMexercício da ofcina de literatura - cheiro de infância
A noite era estranha e tinha mistérios. De olhos enormes de enxergar,
não se preocupava em desvendar coisa nenhuma, porque mistérios existem
para serem mistérios. Apenas aproveitava cada minuto, com a ansiedade de
algo muito amado mas raro. A noite era de espera, mais do que tudo. De
capim recém cortado verde bonito na garagem de casa. E biscoitos em cima
da mesa, cobertos com guardanapo de papel, do lado de um copo de leite.
De olhar as luzes coloridas piscando na árvore, contar de novo os
enfeites favoritos, e esperar.
Uma vez, chegou a escutar seus passos no quarto. De outra, podia jurar
que tinha visto a carruagem cruzando o céu de madrugada, poucos dias
antes da festa. Seu peito se apertava com aquilo, mas era um aperto bom.
Um aperto de sentir-se maior. Um dia, falaria que aquilo tinha um
sentido religiosos para ela, todo o ritual, que fechava a noite quando
se movia um pouco mais perto os pastores e reis magos, e quando dava
meia noite, fazia surgir o menino o estábulo de madeira e papel
vermelho, o anjo no céu e os pastores finalmente terminarem a jornada de
vinte e cinco dias por um deserto de serragem e areia colorida. A fé
maior não estava ali, na encenação de gesso, mas na espera. A espera
pela manhã que chegaria, trazendo um mistério tão bom quanto um ramo
florindo no inverno.
A luz entrava pela janela explodindo. Era uma profusão de amarelos e o
ar tomado de uma memória antiga, que agora se tornava viva, ocupando
cada centímetro do espaço. Nunca saia tão rápido da cama como naquele
dia. Atravessava a casa em segundos. Os farelos na mesa, o copo de leite
vazio. O capim, mordiscado. Corria até a árvore, depois de saltitar para
alcançar os rostos que beijava desejando bons votos. E então, olhava o
pé da árvore cheio de caixas coloridas.
Só olhar.
Porque mistérios existem para serem mistérios. E ali, naquela hora, a
memória no ar não era a de brinquedos ou surpresas. Era uma essência de
família, de alegria quase sólida. De escolher os pratos de vidro branco
mais bonitos, e contar garfos e facas, até a hora de ver as pessoas
chegarem, os pacotes se amontoarem mais ainda na árvore, e o perfume que
estava confinado, que na noite anterior era fresco e limpo, e agora era
ácido quase, mas se mesclava com outros, assim, queimado feito uma
oferenda, se libertar e encher sua mente, seu sangue, sua memória, até
cavar um poço, e se esconder no fundo, esperando um outro ano para voltar.
terça-feira, 3 de abril de 2007
4:59 PM
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